quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

A SENHORA MINISTRA DA EDUCAÇÃO, NAS INTERVENÇÕES PÚBLICAS, MOSTRA QUE É INCOMPETENTE

1. Não sabe que o seu ministério e o seu governo contrataram e instrumentalizaram “crianças”, através de empresas, para se prestarem ao triste papel de se deixarem filmar, com pompa e circunstância, a receberem das mãos do Sr. primeiro-ministro, computadores Magalhães numa escola, como se fossem alunos da mesma, e que depois da “farsa”, recolheram os computadores, “pagaram” com o dinheiro dos contribuintes este “filme”… e tudo isto para encherem telejornais e daí tirarem dividendos políticos e eleitorais. Não sabe que isto se soube, foi noticiado e não foi desmentido. Não tem vergonha de vir agora dizer para a praça pública e com todo o descaramento, à boca cheia e com um ar de “lírio puro”, mas triste, enfadonho e dramático, que as escolas públicas não estatais são irresponsáveis pois andam a instrumentalizar “crianças”, autorizadas pelos pais, colocando-as na rua a reclamar algo que não lhes diz respeito? Não sabe que essas “crianças” não foram contratadas para fazerem nenhuma “farsa mediática”, mas que querem, livre e convictamente, fazer ouvir a sua voz e dizerem a toda a gente que gostam da sua escola, são felizes nela e que não a querem ver fechada por um acto político irreflectido, incompreensível e prepotente? Que sensibilidade educativa tem a senhora? O que entende de educação? Pelos vistos, nada!
2. Não sabe o que passa no seu ministério, pois é incapaz de dizer correctamente quanto fica ao estado um aluno/ano no ensino público estatal. Já se lhe ouviu dizer, só numa semana, à segunda que 5200 euros; à terça 5100; à quarta 4900; à quinta 3750; à sexta 3350; ao fim de semana, deve estar a preparar os números para a semana seguinte. Porque não tem a coragem de dizer publicamente que o número exacto é 5200 euros/ano, dados fornecidos à OCDE pelo governo a que pertence? Não lhe convém? Confunde melhor a opinião pública? Quer esconder as suas contas?
3. Não sabe quanto fica ao estado o investimento com os 51000 alunos que frequentam as 93 escolas do ensino público não estatal com “contrato de associação”, apenas se limita, para distrair atenções, a acusar publicamente estas escolas de despesismo e de lucros avultados, mas não lança nenhum número. Aliás, pela sua triste e pobre argumentação, revela desconhecer que uma grande parte destas escolas são Cooperativas e IPSS’S (Instituições Particulares de Solidariedade Social) e que não podem, legalmente, apresentar lucros. Porque não diz que o financiamento destas escolas nem chega a 0.36% do orçamento do seu ministério e que cada aluno das mesmas fica ao estado por 4200 euros/ano, menos 1000 euros que os alunos das suas escolas? Não sabe? Embaraça-a? Desarma-lhe os argumentos demagógicos e inconsequentes? Tem medo do contraditório?
4. Não sabe quanto é que os 176.000 alunos (nem este número deve conhecer) que frequentam o ensino público não estatal poupam aos cofres do depauperado estado, pelo menos nunca o afirmou público. Não sabe dizer os números do que gasta nem sabe dizer os números do que poupa. Porque não diz publicamente, já que lhe põem o microfone tantas vezes à frente da boca, que estes alunos, a quem não paga a leccionação da maioria deles, e a que paga, fica muito aquém do que paga aos alunos das suas escolas, poupam ao estado a “desprezível” quantia de 757 milhões de euros/ano? Já viu o “buraco” orçamental que abria nas suas contas se estas escolas fechassem todas e o ministério tivesse que pagar a leccionação a estes alunos ao preço médio de 5200 euros, aluno/ ano? Porque não diz ao povo português que o que gasta com estes alunos e com estas escolas são uns “míseros” trocos, quando comparados com o “chorudo” lucro que usufrui? Não tem coragem? É vergonhoso para si e para o seu governo que isto se saiba?
5. Não sabe que o ministério da educação faz inspecções minuciosas e constantes estas escolas e que até agora nada veio a público sobre irregularidades relevantes. Então, porque lança suspeitas públicas sobre a gestão destas escolas? Não confia nos seus serviços e nas informações que lhe prestam? Não acha que faz uma triste figura com as afirmações infundadas que vocifera cá para fora? Não sabe que isto é muito feio, sobretudo vindo de uma ministra da educação?
6. Não sabe e não tem consciência disso, vá se lá saber porquê, que, com o ano lectivo em curso, contribuiu fortemente para a instabilidade de inúmeras comunidades educativas e que isso poderá vir a ter reflexos muito negativos no ritmo de ensino/aprendizagem e no trabalho de alunos e professores. Porque não diz isso aos portugueses? Porque não assume responsabilidades?

Senhora ministra, afinal V.ª Exª não sabe o que o que passa no seu ministério, ou, o que é ainda mais grave, se sabe, só sabe o que lhe convém. A isto chama-se incompetência para o desempenho de um cargo tão importante num estado, como é o de ministro da educação. Quando toma consciência disso? Estamos à espera desse acto de coragem e lucidez!

João Teixeira
(Professor de uma escola pública não estatal)

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